Todos nós já passamos por isso: insistir em algo que já não faz sentido, apenas porque investimos demais para abandonar. Um relacionamento que não nos traz paz, um projeto sem vida, um curso que já não agrega, mas que continuamos “só porque já comecei”. Esse comportamento tem nome: viés do custo irreparável, também chamado de viés do custo afundado (sunk cost fallacy).
É a tendência de mantermos investimentos de tempo, dinheiro, energia ou emoção em algo sem futuro, simplesmente porque já gastamos recursos nele. O raciocínio distorcido é: “Se eu desistir agora, tudo o que fiz terá sido em vão.” Na verdade, o custo já realizado é irreparável. Continuar insistindo só aumenta a perda.
Essas decisões não são racionais. São emocionais.
O psicólogo e Nobel de Economia Daniel Kahneman, em seu best-seller Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar, explica que esse viés nasce do medo da perda. Psicologicamente, perder dói mais do que ganhar satisfaz. Por isso, seguimos insistindo, mesmo quando os sinais apontam para o fracasso.
Já o economista Richard Thaler, em Nudge: O Empurrão para a Escolha Certa, mostra que muitas de nossas escolhas são influenciadas por atalhos mentais. O viés do custo irreparável é um desses atalhos: preferimos continuar em algo ruim a admitir que estávamos errados.
O viés do custo irreparável é como um grilhão invisível: nos prende a algo morto só porque já gastamos muito com ele. Mas maturidade é entender que parar também é decisão de avanço. Não se trata de jogar fora o que passou, mas de reconhecer que aquilo serviu como aprendizado.
“Não olhe para trás com arrependimento, nem para frente com medo, mas ao redor com atenção.” — James Thurber
O verdadeiro sábio sabe quando perseverar e quando parar. Libertar-se do viés do custo irreparável é abrir espaço para novos caminhos, novas oportunidades e novos frutos.